por Pedro Sousa Tavares (DN - 27-05-2015)
70 mil fotografias produziram uma panorâmica do Monte Branco que nos transporta para o coração do pico dos Alpes.
Pode não parecer mas na imagem aqui em cima, do Monte Branco - ou antes, na versão original desta imagem, que tem uns recordistas 365 gigapíxeis de tamanho-, é possível ver teleféricos, edifícios em construção, trabalhadores, turistas, montanhistas e uma águia. Para o fazer, no entanto, é necessário ir ao site http://www.in2white.com/, no qual é possível explorar em toda a sua magnitude a monumental obra do fotógrafo italiano Filippo Blengina. Uma imagem que está a correr o mundo.
"Nunca tinha tentado uma coisa tão grande anteriormente", disse ao DN Blengina, por e-mail, não escondendo a surpresa com a propagação "viral" daquela imagem pelo mundo: "Tinha feito muitos testes com equipamentos diferentes, procurando soluções, principalmente para mim, mas nunca uma coisa tão pública", confessou, adiantando que alguns desses testes anteriores "serão publicados nos próximos meses".
Na sua missão fotográfica, acompanhado por uma equipa de quatro elementos, e carregado de equipamento fornecido por uma série de patrocinadores, o italiano passou 36 horas na 11.ª montanha mais alta do mundo, a 3500 metros de altitude, suportando temperaturas de dez graus negativos. O resultado foi um mosaico de 70 mil imagens distintas, agora reunidas numa única panorâmica. A motivação é sempre o fator decisivo dos homens que "vencem" montanhas. E no caso de Blengina, residente em Piemonte, não muito longe da montanhosa fronteira com a França, conjugaram-se três paixões para chegar a este resultado: a fotografia, a natureza e os limites das novas tecnologias. Neste caso, o desafio começou com uma frustração: a aparente impossibilidade de documentar os Alpes- e o Monte Branco em particular- de forma a fazer justiça à obra da natureza.
Esta "paixão em formato digital", tal como a definiu Blengina, não foi consumada sem a imprescindível dose de risco que se impõe a qualquer aventura. Além de suportar o frio da montanha, a equipa fez boa parte das imagens em cima de um glaciar e a uma hora a pé do edifício mais próximo.
A parafernália tecnológica utilizada - para quem gosta destes detalhes - inclui uma Canon EF 400mm f/2.8 II IS, uma Canon 70D DSLR e um Extensor 2X III, equipado num tripé robótico especial. Várias empresas contribuiram com tecnologias de ponta, onde se incluíam uns painéis solares desdobráveis, para alimentar as baterias.
A "fotografia" resultante do conjunto de 70 mil imagens, para ser impressa, gastaria qualquer coisa como 300 metros quadrados de papel de impressão. O suficiente para cobrir um campo de futebol inteiro.